O frio me convida a pensar na vida
Emponchada em mim
De tanta partida sem despedida
Passada assim:
Como crinera no chão
Que o vento esparramou
Junta na terra caiu
Mas logo se separou
Seguindo cada fio
Seu próprio desafio
A vida não facilita
Quando vivida de longe
Do que bem dentro se esconde
No peito d’um peregrino
Pois o presente é o destino
Aonde a música sona
E o grito dessa cordeona
Norteia o meu desatino
O mate me afaga a garganta puída
De chamar ao léu
Com grito forte de recolhida
Por este mundéu:
Tanto alheio no campo
Que também nunca foi meu
Quando na terra bati
Percebi que era só eu
E tudo o que me resta
Agora é contemplar!
Que o tempo passa depressa
Por mais distante o caminho
Que cada um faz sozinho
Com as lembranças do ontem
Abrindo os olhos de noite
Pra clarear o seu ninho
Iluminando pra’o filho
A vida que vem na fronte...