Costa de mato
Entre aroeira e japecanga
Ruído de sanga
Mareteando num lajeado
Rancho cravado
Desfiapado o santa fé
E a força de estar em pé
Ganhou do rancho
Juan Maria Machado
Há quem fale no povoado
Donde pulsa a "veia artéria"
Que o Juan, vulgo Miséria,
É muy pobre mas feliz
E se Deus assim o quis
Que ele fosse desse jeito
Ser miséria não é defeito
Mas o que traz no seu peito
Jamais irão descobrir
Quem não quer boa morada
Um campito, algum terneiro
Um bom pala avestruzeiro
Um amor pra ser feliz?
Mas nem isso lhe condiz
Vive changueando, servindo…
E alguns cochicham sorrindo
Que o Miséria é um infeliz!
Tem um cabano bragado
Que o tempo lhe concedeu
E se hoje já comeu
É motivo pra alegria
Quantos Misérias na vida
São mais ricos que a fartura
Bem disposto, sempre ajuda
Nesta vida tudo muda
Só não muda o Juan Maria!
Canta o galo
Nasce o dia…
Se esconderam as Três Marias
Até a lua se sumiu
O ranchito se despiu
Da cerração que o cobria
Sempre hay um novo dia
E lá surge Juan Maria
Porque Deus lhe permitiu!