vMAS VOU CANTAR OPINANDO
Vim cantar sim, meus senhores
Mas vim cantar opinando
Porque a palavra dos anos
Por certo deu-me argumentos
Por muito andei nos silêncios
Dos meus escritos sozinhos
Onde provei dos espinhos
E esqueci sim, das flores
Que emprestam aromas e cores
Para o mais gris dos caminhos.
Vim cantar dos dialetos
Dos rincões por onde andei
Vim cantar porque hoje sei
O que a idade me permite
Eu que sempre cantei triste
O meu destino, senhor
Como disse em seu valor
Um "Guarani" sem ter luxo
Que assim, canta um Gaúcho
"Por isso eu nasci cantor".
Cantor dos potros, das tropas
Sincerros e arrelhadores
Da poeira dos corredores
De um tempo bem mais antigo
Da bota, gasta do estrivo
Do sol de algum campo a fora
Do galpão chamando as horas
Da madrugada primeira
Dum chão bruto de mangueira
Onde resmungam esporas.
Cantor do campo dos fundos
Também do campo do meio
Dum parador de rodeio
Do touro e a vaca de cria
Cantor, que compõe seus dias
Entre os sonhos e as palavras
Que ouve bordões de guitarras
Entre as linhas do alambrado
E escreve de algum passado
No livro santo das garras.
Cantor que canta seu mundo
Das ilusões e suas crenças
Do igual e a diferença
Entre o medo e a realidade
Entre os que são de verdade
Ou são apenas humanos
Entre os que seguem julgando
O que é errado ou direito
Eu cantarei com respeito
Mas vou cantar, opinando...