TIO BASTIA
Tio Bastia encilhou a mula gateada.
E foi pra invernada recorrer o gado,
Rodeio parado, fez a revisada,
Tá boa a vacada, sem nada bichado.
Facão na cintura, arma do campeiro,
Corta manchas grandes de caraguatá.
E ruma pra casa prender os terneiros,
Que o leite pro queijo não pode faltar.
Cerqueiro dos bueno, em mestre e trambeio,
E não tem enleio em atilho e rabicho.
Senta o contramestre, socador, labanca,
Com morto e retranca, que não vara bicho.
La vai Sebastião Rodrigues,
Bota, bombacha e facão.
Solito num campo aberto,
Dando pasto ao coração!
Atando cangalha em lombo de burro,
Nos balaios grandes, cobertos de couro,
Busca nó de pinho em ninheira de mato,
Reboleando um mango, papada de touro.
Encomendou chumbo e chumbo do grosso
Que anda revoltado com o tal javali.
Vai apagá o rastro do bicho roceiro,
E um salame caseiro também vai sair.
Peala “pelos pé” chegue e puxe na cola!
Tio bastia controla, no pulso e valor,
Não erra uma armada, faz tinir a argola,
Com mil marcas de laço pelo tirador.
E tem a rosada, ainda nova de freio,
Que está arrocinando para entregar;
Encomenda de gente que laça em rodeio,
Que o negro é um esteio e sabe domar.
Vem linda a potra, pois foi cabanheiro,
Apresentou em Esteio, o “hôme do Faxiná”.
Relembra num trago os tempos de tropeiro,
Quem fez de tudo um pouco nunca vai parar.