COXONILHO
... Lá na canhada do fundo vai indo Alberto Andrade,
estampando um coxonilho, que ganhou quando menino...
Coxonilho de lã preta
Co'a trança do tempo antigo,
É mais que trono, um abrigo,
Pra camperear ano a ano.
Guarda os ventos do altiplano,
Das sangas, grotas, rodeios,
Apertado pelo meio,
Nos arreios de um Serrano.
Pelego de lã crioula,
Do fiapo grande e bem solto,
Onde se abraça no encosto
Do couro de algum lombilho,
Compõe o povo andarilho,
Tropeiro e desbravador,
Que fez rastro e corredor
Montado num coxonilho.
Coxonilho tecelado,
Parelho e continentino,
Abriu picada e destino
Cruzando de sul a norte,
O campeiro tem a sorte
De te trazer na encilha,
No lombo desta tropilha,
Da eguada de bom porte.
E aquela que te deu vida
Segue berrando e parindo,
E a tesoura retinindo
No calor de uma comparsa,
Ritual antigo da raça,
Faz desta peça rural
Ser pelego sem carnal,
Velo trançado com graça.
Lá na canhada do fundo,
Vai indo Alberto Andrade,
Um gaúcho de verdade,
Rastreador e peregrino
(Conhece serra e destino,
Tropereia em qualquer trilho),
Estampando um coxonilho
Que ganhou quando menino.