Cola de Sorro
Eu delimito a fronteira
Entre banhado e coxilha
Faço parte das pasturas
Prole pobre da família
E tenho tantos vizinhos
Nestes rincões que habito
Em qualquer lugar que estou
Por certo não tô solito.
Pra cima tem a carqueja
O alecrim e o mio-mio...
Grama fina de forquilha
Que o gado gosta é macio.
Pra baixo tem santa fé,
Caraguatas , japecangas...
Que guardam com seus espinhos
Toda a pureza da sanga.
Cola de sorro rebrota
Renovando a tez do campo
Cola de sorro é valente
E salva a vida de tantos!
Esse meu pelo gateado,
Opaco que não reflete...
Destoa o verde do campo,
E faz lembrar d'algum flete.
Por vezes eu mato a fome
Do gado que me arrodeia
Quando o campo vem rapado
Por geada ou por seca feia.
Meu aguente pra intempéries
Já salvou muitos do couro...
Por brabo que o tempo vá
Eu me dobro, mas não morro.
E o fogo quando se alastra
Pelo vento galopeado
Deixando por onde passa
Um cenário desolado...