“CORACÃOZITO DE RANCHO”
Lembra um viejito campeiro
Que no andejar cambaleia
O rancho simples de taboa
Sempre que o vento golpeia.
Vestiu ao passo dos anos
Galas de chuva e mormaço,
E um lindo pala de tempo
Que agora pesa no braço.
Seu testemunho interior
“Clavado em cada ocalito”,
Prega que há “formas de amor”
Que vão mermar despacito.
Está mais triste que nunca
A pulperia esquecida...
Pois viu minguar o povoado
Razão maior de sua vida...
Coraçãozito de rancho,
Lanhou-se em cada partida.
Enfraquecido, hoje pulsa,
Só pra sangrar suas feridas...
‘vendinha’ que sem procura
Vestiu de poeira o abandono
E viu da copa a fartura
Virar consumo pra ‘o dono.
Hoje é apenas logradouro
Donde uma moça bonita,
Volta e meia, da janela,
Me atira um beijo “em visita”...
E ao ver suas portas fechadas
Aprendo ao lhe contemplar:
A não esperar dos outros
O que não possa ofertar.