Araucano sou, Araucano
Eu venho de muito antes, onde meu sangue se derramou
Nas guerras do sul do mundo, num dia bruto alguém me calou
De tantos que já tombei, o destino agora me castigou
Errante vou pelas terras, que a minha alma por certo herdou
Eu sinto e estou presente, no campo vivo que me criou
Eu canto nos assovios, pelas coxilhas por onde estou
Da copa dos pinheirais, eu vigio a vida que aqui ficou
Do vento tiro o sustento, a vagar livre é o que restou
Araucano sou, Araucano
Araucano sou, Araucano
Eu dano nas águas duras*, nas correntezas assim me vou
Fincado nas terras altas, na serra onde Deus me abrigou
Minha força corre nas veias no sangue que o potro legou
Na terra renasço um pouco e retribuo o que me doou
A brasa do nó de pinho ardendo forte cicatrizou
A chaga viva na carne que a contenda a mim cunhou
A pena pago perdido nessa saudade que me sobrou
No estalo das sapecadas talvez eu grite por quem eu sou