OS TEMPOS DO CAMPO milonga
A lida me topou de frente,
Mirou nos meus olhos,
Me fez enxergar ,
Que há um tempo de curtir o couro,
Tirar buenas loncas e depois trançar.
Há um tempo de fazer aperos,
Ajeitar encilhas para bem montar,
O tempo é pingo bem ligeiro
E quem não for campeiro ,
Não vai camperear.
Há um tempo de domar os flétes,
Com calma e paciência fazer redomão ,
Com jeito apertar bocal,
Sujeitar bagual sem frouxar o garrão,
Saber das luas para a enfrenada,
Evitando aquelas , de deixar babão,
Seguir o tempo e o raciocínio ,
Para o arrocínio, sem usar tirão.
Há um tempo de semeadura
E ver brotar nos campos verde pastiçal ,
Há um tempo de apartar bezerros ,
Repontando o gado rumo ao curral ,
Há um tempo de esquentar a marca,
De contar na tarca sem usar buçal...
É a vida que corre e não para ,
E em cada seara traz luz natural.
Há um tempo de vida latente ,
Em cada semente que está fecundada,
Germina, cresce e floresce
E amadurece se for cultivada.
Às vezes surgem asperezas ,
Porque a natureza , tem seca e trovoada
Mas sempre que alguém acredita
A safra é bendita na terra lavrada.
Então , o ciclo se completa
E a vida é repleta de sonho e labor ,
Do campo é que vem o sustento
E o alimento, traz o real valor ,
De ser campeiro e de fazer querência,
Manter a tenência entre espinho e flor
E o pago será mais feliz
Nutrindo a raiz , com paz e amor