D’ALVAS E NAZARENAS MILONGA
A estrela d’alva é uma espora
calçada ao pé do luar;
Roseta miúda a girar
conforme a noite caminha.
E o próprio céu “acarinha”
sem medo de ser cortado
na ponta d’um fio afiado
que a Boieira já não tinha.
Ela resvala no couro
da imensidão estendida;
Como uma china perdida
de atrás dum amor antigo.
Por vezes, pena o castigo
da solidão que carrega…
Por outras, de ponta cega,
alumbra estradas comigo.
Sem tentos ou garroneiras…
Sem chorar caminho a fora…
Não nasceu pra ser espora
mas confunde a quem espia. …
E quando encontrei o dia
na luz da manhã nascendo,
vi que a D’alva ia morrendo
sem contar se voltaria.
A nazarena é uma estrela
cruzando o chão da mangueira; …
É pua a viver lindeira
do par que guarda o ferrão.
Tocando o suor do cinchão
mata a sede das lonjuras…
E alguém, campereando, jura
ter luzeiros no garrão.
Vai clareando o firmamento
que há no pêlo d’algum pingo;
Como um riso de domingo
na face triste das horas.
E quando a tardinha implora
razões pra desencilhar
outra vez vai se apagar
o brilho dessas esporas.
Sem o rastro da crescente
pra seguir quando escurece…
Somente o seu canto - prece -
que faz coro no sem fim.
Parto e volto sempre assim:
escutando as nazarenas
enquanto a noite morena
clareia estrelas pra mim.