PIAZITO DE CAMPO
Meus cavalos de taquara,
Tropilha dum pelo só,
Que no terreiro do pátio,
Corriam erguendo pó.
O mundo do faz de conta,
A liberdade da infância,
E um reino com capataz,
Mangueira e galpão de estância.
Eu, piazito de campo,
Trazia nesta aventura,
Boleadeiras de sabugo,
Enredadas na cintura.
Tudo era lindo, inocente,
Tudo era meu, sem segredos,
E o tempo me deu coragem,
Para vencer os meus medos.
Os fantasmas das taperas,
Feras trazidas no laço,
Foram parte das histórias,
Que povoaram o meu espaço.
Os sonhos, as fantasias,
E os causos que me encantavam,
Tinham duendes ginetes,
E monstros que corcoveavam.
Os meus heróis foram outros,
E os meus brinquedos, também,
Hoje penso e me dou conta,
Que tudo teve um porém.
Como no dia que a vida,
Mudou de dentro pra fora,
Quando ganhei do meu pai,
O meu primeiro par de esporas.