NOME DE TAPERA
"Más o menos" vinte anos
que o rancho do Ruivo Lopes
ficou solito, tapera…
"Más o menos"...pois se era
quando inda tinha o tostado
troncho e marca de Cadeado,
da Estância da Primavera.
"Tapera do Ruivo Lopes",
entonces pra todo pago
foi virando despacito
o nome do rincãozito
que está pra lá do banhado,
com o ranchito arruinado
que está sumindo aos pouquitos.
Soa triste e soa lindo
o nome de algum paisano
adonde viveu feliz:
marca eterna, cicatriz
sobre pastos e aguadas,
nos relinchos das eguadas,
nos piozitos de perdiz…
E o Ruivo Lopes, com cismas,
sumido entre baforadas
de um pito de fumo forte,
tenta campear donde a sorte
lhe gambeteou uma armada,
mesmo que não mude nada,
mesmo que já não importe…
La pucha! E um nome lindo…
Nome da velha querência!
Os Lopes? Pois, sim, senhor!
Hay desde bom domador,
capataz…um foi tropeiro…
E pra compor parelheiro?
La pucha! Que gente flor!
E se bandear o arroio,
contornar os pajonais
e o passo desbarrancado?
Tudo, tudo está mudado…
No Dorval Torto, na Andina:
rodeios de raças finas
e os ranchos abandonados.
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Traços ásperos de pedras…
Confins lindos de coxilhas…
Vaga quietude de espera…
E a explicação de qual era
o seu tempo e sua gente
neste resumo dolente
que há nos nomes de tapera.