Campeiro da Curunilha

(Milonga)

Sapecada da Canção Nativa

CAMPEIRO DA CURUNILHA

 

Saltei bem cedo, quando ainda tava escuro,

Se não me apuro me atrapalho no combate,

Sobra serviço, na estância, pra se entreter,

-Não gosto de me mexer sem meia dúzia de mate-.

 

Antes da aurora já ando de espora atada

E uma zaina embuçalada, com o garrerío apertado,

Tem reculuta e revisada de rodeio

Eu costumo botá o freio, só depois do cacho atado.

 

Campeio a volta, chapéu tapeado na testa

A lida empeça no calor da obrigação,

Me balanceio pra sentá os “recau” no lombo,

Não tem de assombro no rude ofício de peão.

 

Saio “campante”, devagar, chamando o dia

Escutando a melodia do ranger dum paysandú,

Chave de arame vai batendo na “troqueza”

E outras prestezas, num bocó de couro crú.

 

Eu sou campeiro da Estância Curunilha

Costeando a trilha do velho Upamaroty,

De garrão firme, pela origem que não nego,

A tradição que carrego me sustenta por aqui.

 

Fiz minha Pátria donde a honra não se arrenda

Entre as Três Vendas e a Subprefeitura,

Tapeando potro, empurrando tropa arisca,

Salta faísca quando a sorte me procura.

 

Correndo penca pelas folgas de domingo

Fazendo pingos de confiança e sem defeito,

Irmão da lua e namorado das estrelas

Me gusta vê-las, pitando no parapeito.

 

Eu sou crioulo deste universo sulino

De campo fino, babosa, trevo e flechilha,

Em terra forte também dá xirca e macega,

Mas compensa em pega-pega e grama buena de forquilha.

AUTOR(ES) DA LETRA:

Anomar Danúbio Vieira
Osório, RS

AUTOR(ES) DA MÚSICA:

André Teixeira
São Gabriel, RS